Dados divulgados pela FAO indicam que a produção de feijão pode sofrer redução de até 70% na América Latina e no Brasil em decorrência do estresse hídrico. Essa estatística apenas ilustra o impacto das mudanças climáticas na agricultura.
Mesmo em um cenário menos crítico, as condições climáticas adversas já causam grandes prejuízos aos produtores rurais em todo o país. Por exemplo, o Estado de Alagoas decretou situação de emergência em 38 municípios em virtude da estiagem. Ainda segundo um estudo da ONG CPD publicado pelo Climatempo, 200 das maiores empresas do mundo perderão US$ 1 trilhão nos próximos 5 anos.
Como o produtor pode se preparar para lidar com essas condições? Neste artigo, você vai entender melhor a profundidade do impacto das mudanças climáticas no agronegócio e que práticas já têm sido vistas a fim de reduzir ou mesmo prevenir perdas.
Quais os principais impactos das mudanças climáticas na agricultura?
Aumento de temperatura e longos períodos de estiagem já afetam de forma substancial o agronegócio brasileiro. Mas em um cenário menos previsível, o agricultor terá que enfrentar desafios ainda maiores, modificando seus meios de produção a fim de garantir cada safra.
Para entender melhor como funciona essa dinâmica, é importante compreender o que é clima e como ele afeta as culturas.
A relação entre condições climáticas e agricultura
Clima se refere às condições atmosféricas de uma determinada região. Quando os níveis de chuva, umidade e temperatura estão dentro do que é considerado normal para a localidade, todo o ecossistema trabalhará de forma sadia. Por outro lado, se essas condições sofrerem alterações, como excesso ou escassez de chuvas por longos períodos e temperaturas extremas, todo o ecossistema será afetado: pessoas, vegetação e animais.
Solo, água, calor e luz solar são elementos fundamentais para o desenvolvimento das plantas, e quando elas se modificam por interferência climática, por exemplo, a produção será impactada.
A causa das mudanças nas condições climáticas
Existem diversos fatores geradores de fenômenos que causam as alterações nas condições climáticas, e a maior parte deles é proveniente das atividades humanas. A emissão de gases poluentes na atmosfera, como o CO² (dióxido de carbono), é uma das principais causas, sendo a Revolução Industrial, no século 18, um evento que intensificou essa liberação.
Essa poluição está muito ligada à queima de combustíveis fósseis, que gera energia na indústria, nas atividades do campo e de transporte. No entanto, segundo a
Agência Europeia do Ambiente (EEA), a própria agricultura também contribui para essas alterações climáticas. A atividade agrícola libera metano e óxido nitroso na atmosfera — gases que também contribuem para o efeito estufa.
O impacto nas culturas
Problemas fitossanitários
As mudanças climáticas têm efeito direto e indireto sobre os agentes por trás de pragas e doenças, bem como na proliferação de plantas daninhas. O problema está na distribuição geográfica desses elementos.
Microrganismos nocivos e plantas hospedeiras terão seu zoneamento agroclimático alterado. Dessa forma, diferentes condições climáticas podem motivar o surgimento de novas doenças, intensificar a ação de patógenos ou promover a migração de plantas hospedeiras para novas regiões.
Outro fator importante é o aspecto temporal. A ação de hospedeiras e microrganismos nocivos sofre flutuações ao longo do ano, principalmente aqueles que atacam as folhas das culturas. Com temperaturas e condições de umidade alteradas em períodos em que antes não havia a ocorrência da praga, o agricultor terá que revisar sua janela de plantio para evitar grandes perdas.
Por exemplo, alto nível de umidade favorece o desenvolvimento de esporos. Já outras doenças são favorecidas pela baixa umidade.
É preciso ressaltar, porém, que também há um impacto indireto no que se refere à interação entre patógenos e plantas daninhas que servem de hospedeiras para pragas na entressafra, como insetos e fungos. Com a migração dessa vegetação para outras áreas, os organismos nocivos vão junto, ampliando a ocorrência de doenças para outras regiões.
Alto custo de produção (alimentos mais caros)
O impacto das mudanças climáticas na agricultura tende a intensificar ocorrências de secas. Projeções levantadas pelo Programa de Pesquisas em Mudanças Climáticas, Agricultura e Segurança Alimentar do CGIAR, divulgadas pela agência
BBC, são alarmantes.
Hoje, 4% das regiões produtoras no mundo já enfrentam seca ano após ano. Até o fim do século 21, esse percentual deve chegar a 18%. O impacto será mais crítico na produção de hortaliças, que em virtude de sua alta dependência hídrica, ficarão confinadas a um espaço cada vez menor.
Outras culturas também serão afetadas. Por exemplo, o estudo prossegue afirmando que 80% das regiões produtoras de café na América Central e no Brasil ficarão impróprias para a produção até 2050. Até mesmo em relação ao cacau será mais difícil encontrar chocolate de qualidade nas prateleiras, de modo que se tornará um produto muito mais caro.
Menor área de produção se traduzirá em alimentos com um custo maior para o consumidor final. Dessa forma, é muito provável que muitos produtos alimentícios deixem de ser consumidos pelas populações mais pobres.
Maior dependência das commodities
As commodities, como trigo, milho, arroz e soja, são os alimentos mais consumidos pela humanidade. Servem também como base para a nutrição de animais. À medida que as condições climáticas adversas tornam a produção de outros cultivos mais caros, poderá haver uma intensificação maior nas lavouras das commodities.
Por outro lado, o crescimento da monocultura tornará os produtores mais vulneráveis a ameaças fitossanitárias, como doenças e pragas na agricultura.
Apesar desse cenário crítico, é possível o produtor tomar ações estratégicas que o ajudam a se adaptar e a manter sua produtividade. Vamos falar sobre essas ações agora.
Como adaptar-se a elas?
Já existem diversos métodos e tecnologias capazes de garantir que o produtor rural consiga melhores resultados, apesar das mudanças climáticas na agricultura. Veja!
Sementes resistentes
A
biotecnologia tem produzido cultivares resistentes ao estresse hídrico em condições de calor e seca e os resultados já se mostram promissores.
Agricultura de precisão
Diversos sensores são capazes de coletar mudanças climáticas, munindo o produtor rural de informações para dar base às suas decisões em relação à irrigação, fertilização e pulverização.
Mecanização
O uso de maquinário tem sido fundamental para acelerar as operações de plantio, adubação, colheita e pulverização, a fim de que o calendário agrícola seja seguido.
Integração lavoura-pecuária-floresta comercial (ILPF)
Também conhecido como sistema de produção integrado, envolve três atividades distintas que compartilham a mesma área em um esquema de consorciação, rotação ou sucessão. Daí é possível produzir grãos, madeira, fibras, carne e leite em um mesmo local, reduzindo o uso de agrotóxicos e a vulnerabilidade aos riscos climáticos.
Fertilização do solo
O alto índice de chuvas provoca erosão e o processo de lixiviação. Poucas chuvas reduzem a quantidade de água e resultam em baixo fornecimento de nutrientes às plantas. Por isso, um manejo adequado e um programa de fertilização eficiente é fundamental para a
recuperação das condições do solo.
As mudanças climáticas na agricultura provocam impactos evidentes e profundos nas safras de qualquer lavoura. Por isso, o produtor precisa ficar atento a medidas que possam reduzir ao máximo os efeitos negativos e assim garantir a produtividade da safra.
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